quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Reaberto há 1 ano, píer atrai turistas a Mongaguá



Plataforma tem oito metros de altura, em Mongaguá, litoral sul de São Paulo


Quem quiser pescar ou apreciar a vista do litoral sul de São Paulo, não perde a viagem ao visitar a Plataforma Marítima de Pesca Amadora, em Mongaguá.

De acordo com a Diretoria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Mongaguá, a plataforma é a maior estrutura de concreto sobre o mar do continente americano. São 400 metros mar adentro, 200 metros para os lados e oito metros de altura, com capacidade de receber até 1.000 pescadores simultaneamente.

Instalada na cidade em 1977, a plataforma pesqueira foi inaugurada em 1979 e, em fevereiro de 2003, teve início a sua reforma. Após oito anos de obra, troca de empreiteira e interdição, a plataforma finalmente foi recuperada e entregue ao público no dia 27 de maio de 2011.

“A reabertura da plataforma foi fundamental para a cidade e a Região Metropolitana da Costa da Mata Atlântica, pois resgatou o aquecimento da economia local, juntamente com o setor hoteleiro, a gastronomia e o setor imobiliário. Ela é considerada o principal ponto turístico de Mongaguá", afirma a Diretoria de Cultura e Turismo da prefeitura da cidade.

Ainda segundo o órgão, a plataforma possui movimento constante durante o ano inteiro. Mas o período mais movimentado se dá nos meses de férias - junho e julho - e nos períodos de alta temporada - dezembro a fevereiro - , funcionando 24 hora.

s.Plataforma tem oito metros de altura, em Mongaguá, litoral sul de São Paulo Foto: Nivaldo Lima / vc repórter

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sertão das águas

Dunas, água cristalina por todo lado, capim que nasce dourado. O Jalapão, no Tocantins, é uma das mais inusitadas – e menos exploradas – paisagens do Brasil

Imagine um lugar com dunas alaranjadas e árvores com aqueles galhos retorcidos típicos do cerrado. Onde você caminha por horas e só ouve o silêncio. Insira cachoeiras com poços de água verde-esmeralda e diversas nascentes de riachos límpidos. E agora pare de imaginar, pois esse lugar existe. Seu nome é Jalapão.

“Isto aqui é um sertão com muita água, muita vida e alguns mistérios”, diz a bióloga Cassiana Moreira, que trocou Curitiba por Mateiros, uma das cidades no entorno dos 34 mil quilômetros quadrados de área do Jalapão, a grande atração do estado do Tocantins. O maior desses mistérios envolve as dunas: a região é a única do país em que é possível avistar essas formações, típicas do litoral ou de desertos, no meio do cerrado. Os turistas, brincando, costumam perguntar: “Quem jogou aquele monte de areia ali?”

Ninguém. Se no meio de tanta água existe areia, pode-se dizer que as dunas de 40 metros são um oásis ao contrário no verde do cerrado. Elas são formadas pela erosão permanente da Serra do Espírito Santo (uma trilha de 8 quilômetros leva ao sensacional mirante do topo). “Aquela serra um dia vai desaparecer. E aqui temos o privilégio de ver isso acontecendo na nossa frente”, declara a geógrafa tocantinense Maria Antônia Valadares.

A paisagem do Jalapão é atravessada por uma grande quantidade de nascentes que brotam do solo arenoso, dando origem a rios e muitas quedas-d’água. A piscina cristalina do primeiro parágrafo pode ser o Fervedouro, postal do Jalapão, que tem uma nascente subterrânea e águas que irrompem do solo com muita pressão, propiciando uma sessão de hidromassagem natural. O tom esverdeado do poço se deve à areia de origem calcária que se acumula no fundo.

Para preservar os atrativos da região, alguns cuidados têm sido tomados. As famosas dunas, que são ainda mais atraentes ao entardecer, só podem ser visitadas até 17h30, a tempo de ver o pôr do sol. À noite ninguém pode ficar por ali pensando em luaus ou coisa do tipo. “Isso ajuda na preservação. Muitos dizem que esta é uma terra de ninguém, mas temos a maior quantidade de áreas protegidas do cerrado”, diz o gerente do Parque Estadual do Jalapão, João Miranda. Nem toda a área do Jalapão está no parque, mas há ainda outras unidades de conservação. Estima-se que 40% dela esteja sob proteção.

A julgar pela quantidade de pessoas que recebe, a região parece até bastante protegida. Calcula-se que apenas 15 mil turistas tenham pisado ali até hoje. E a ocupação permanente é irrelevante: a densidade demográfica é de menos de uma pessoa por quilômetro quadrado. “Esse lugar é longe pra...”, disse-me um taxista em Palmas, a capital do Tocantins. Conversando com mais gente por lá, percebi que poucos tocantinenses têm o hábito de visitar a região. Palmas está a 198 quilômetros de Ponte Alta do Tocantins, o munícipio de pouco mais de 7 mil habitantes que fica na entrada do Jalapão. A distância não assustaria se pensássemos em asfalto e sinalização. Mas lá não há nada disso: o que existe são estradas de terra ruins até mesmo para carros 4x4. Há poucas opções de hospedagem nas cidades de Ponte Alta e Mateiros, além do camping sofisticado da Korubo Expedições, nas margens do Rio Novo.

tJalapão, Tocantinse

Nasce um destino

O Jalapão, que deve seu nome a uma plantinha que brota aos montes por lá, a jalapa-do-brasil – boa para inflamações no sistema respiratório, segundo dizem –, só começou a aparecer para o turismo em 2001, e foi pelas mãos de um forasteiro. Nascido em Belém, criado em São Paulo, o ex-operador da bolsa Luciano Cohen se apresenta como um dos descobridores da região. Ele é dono da Korubo Expedições, que mantém um acampamento sofisticado à beira do Rio Novo. Por alguns anos Luciano buscou no Brasil um lugar de potencial turístico em que pudesse investir. Chegou ao Jalapão em 1996. “Na época só existia uma única pousada em Mateiros. Comprei então uma Toyota 4x4 para desbravar a região. Eu e minha mulher passamos dias e dias acampados no meio do nada. Quando vi aquelas dunas e as cachoeiras, percebi que tinha encontrado uma mina de ouro”

O capim que vale ouro
“Meu capim, meu capim dourado / que nasceu no campo sem ser semeado...”, cantam as crianças do povoado quilombola de Mumbuca, com pouco mais de 200 habitantes, a 35 quilômetros de Mateiros. Os primeiros integrantes da comunidade chegaram ao Jalapão no final do século 18, oriundos da Bahia. O objetivo era fugir da seca. Ali, no sertão das águas do Jalapão, eles tinham um clima que conheciam, mas com a vantagem de poder viver das plantações de mandioca, milho e feijão. E, veriam depois, do capim-dourado.

A planta, uma espécie de sempre-viva, brilha como ouro e brota nas veredas do cerrado. Há espécies em outros lugares do Brasil, mas nenhuma é tão dourada quanto a do Tocantins. O capim é colhido apenas uma vez por ano, no começo da primavera, antes das chuvas, que chegam lá em meados de outubro. Nas mãos das artesãs locais, a planta se transforma em lindos cestos, colares, brincos e outros artefatos.