terça-feira, 7 de agosto de 2012

Conheça a “capital paulista da cachaça”



Muita sombra e água fresca que passarinho não bebe em Monte Alegre do Sul, estância hidromineral com cerca de 7 mil habitantes, no Vale Camanducaia, no Circuito das Águas Paulista, a cerca de 135 quilômetros de São Paulo. Não é à toa que o município ostenta o título de “capital paulista da cachaça”: já chegou a ter uma centena, mas hoje concentra um pouco mais de 50 alambiques de cachaça artesanal, com adegas de vinho caseiros e licores de frutas da região.

A produção da bebida destilada começou no ano de 1905 com a colonização italiana, manteve-se por gerações e vem se profissionalizando nas últimas décadas. Por ano, são engarrafados em torno de 500 mil litros da pinga artesanal produzida com fermento natural em toneis de cobre. A cachaça é filtrada em carvão e descansa em tonéis de madeira.

A produção da bebida em geral é encontrada na zona rural mas como a estância se assemelha a uma pacata vila, lembrando que começou a se formar com a implantação da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em 1873, tem somente 117 km² de extensão e as propriedades rurais estão a menos de 5 quilômetros da área urbana.

Tranquilidade
Na cidade, as ruas tranquilas foram calçadas por paralelepípedo e cercadas por casas erguidas durante a colonização cafeeira. Muitas edificações foram mantidas com suas características originais de época e ocupadas por moradores ou por estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes, empórios e lojinhas de artigos diversos.

Há uma delegacia, o posto de saúde, a prefeitura, câmara municipal e a única agência bancária da cidade que é do Banespa Santander. Há uma agência dos correios, farmácia, o Balneário Municipal e a Igreja Santuário do Senhor Bom Jesus.

Em 2003, foi formada a APROCAMAS (Associação dos Produtores de Cachaça de Alambique de Monte Alegre do Sul e Região). São 57 produtores associados, inclusive representantes de cidades vizinhas. O objetivo é atender às exigências de mercado acompanhando as novas tecnologias, introduzir embalagens e rótulos estilizados.

Monte Alegre do Sul já é um convite para um pequeno gole tanto em suas águas mineral que descem pelas pedras, riachos e cachoeiras como da bebida extraída do vapor da fervura da guarapa de cana de açúcar. É cercada por morros com vegetação remanescente da Mata Atlântica e ideal para descanso.

Adega de pedras
Há 30 anos que José Narciso Brolezi Salzani, o Italiano, construiu a Adega do Italiano, uma casinha com a pedra madeira sobreposta à beira da estrada. Neste tempo, aprendeu a fazer cachaça e vinho e montou um alambique. Por ano, engarrafa 3 mil litros de pinga artesanal, produzida entre julho e novembro. E mais 3 mil de vinho das uvas colhidas no começo do ano na propriedade.

“Temos a cachaça pura e dá para fazer uns 90 tipos diferentes. As mais procuradas são a com canela, com rabo de cascavel, com cipó cravo, arruda, quiné, carqueja”, conta. O Italiano faz também um perfumado vinho seco, suave e doce. Outra iguaria apreciada é o licor de morango, maracujá, jabuticaba.

Brechó no alambique
Quando o alambique não é utilizado e os latões de cobre estão secos é a vez do brechó de peças de alta costura de diversas partes do planeta. “As roupas são de grifes nacionais como Maria Bonita e Reinaldo Lourenço ou as mais badaladas pelo mundo como Moschino, Chanel, Givenchy”, conta Cathy Henry, que faz a exposição itinerante e costuma levar a vários locais um guarda-roupa recheado de artigos garimpados em diversos países. O preço varia entre R$ 30 e R$ 300.

Dada Macedo é sócia (com o marido) do Espaço da Fonte, um canto charmoso que agrega bar, restaurante e ateliê com exposição permanente de cerâmica. Além, é claro, do alambique da Cachaça da Fonte na parte superior da construção e uma adega no piso inferior. Na entrada, uma fonte de água natural ornamentada por antigas peças de alambique.

Empório São Bento
Na porta da loja, há um velho tonel de madeira que avisa que ali além de cachaça dá para fazer uma feirinha básica. O Empório São Bento têm embutidos, salames e queijos caseiros, pimenta, pães artesanais, sucos, geleias, doces e café. Em outra saleta, o visitante encontra lembrancinhas como cortinas de delicadas cerâmicas, pequenos oratórios, telas de pintura de artistas locais e artesanatos de madeiras.

Panquecas
Antes ou depois de degustar uma cachaça aqui e ali, a opção é experimentar uma panqueca, que é “uma melhor que a outra” como informa o anúncio da Lanchonete Daólio. São 34 tipos de temperos com recheio desde atum, quatro queijos até frango, carne e calabresa.



Nenhum comentário:

Postar um comentário